Criando uma cultura de autenticidade
"Se afirmamos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos..." I João 1.8.
Na fase da infância, habitualmente fingimos ser super heróis, os meninos baseados nas histórias do homem de gelo, do super man, do homem aranha, do incrível huck, do homem elástico, ... e as meninas instigadas pela beleza e força da mulher maravilha, sherra, smorfete, ou qualquer outra heroína das nossas histórias infantis. Também nessa fase da primeira infancia, mentimos, brigamos, fingimos, fazemos birra, trocamos de brinquedos, nos abusamos com facilidade de alguns alimentos, nos sujamos com frequencia, não gostamos de fazer tarefas, finimos obedecer, temos aquele sorrisinho manhoso quando queremos ganhar algo de alguém, somos maliciosos quando colocamos as escondidas o pé para que o outr caia, enfim, essa deveria ser a fase peterpan de cada um de nós, ainda na infancia.
Contudo, apesar das aparentes mudanças, do corpo desabrochar, da voz mudar de tom, dos cabelos mudarem de cor, muitos desses hábitos permanecem conosco na fase juvenil e adulta. Os noticiários afirmam que muitos jovens e adultos, continuam burlando a lei para obter vantagem, como por exemplo dirigir sem habilitação de transito, usar a carteira de convenio da irmã, numa consulta com um médico conhecido, se esconder de alguém em quem estamos em débito, fingir que não estamos em casa, quando não queremos falar com tal pessoa, ignorar alguém com quem não queremos conversar, dizer que nos atrasamos porque o ônibus demorou, ou que ficamos presos no transito em um congestionamento, e além de outras formas que cotidianamente usufruimos para obter vantagem sobre alguém.
Todos nós fingimos ser alguém que não somos. É comum as crianças fingirem ser outra pessoa, um grande jogador de futebol, um piloto de fórmula 1 ou o presidente da República. É normal que as crianças finjam porque ainda estão em fase de formação de identidade, construindo seu caráter e personalidade. Entretanto, o objetivo é aprender a ser você mesmo quando adulto.
Infelizmente, poucos adultos parecem sentir-se à vontade consigo mesmo o suficiente para não fingir. O medo da desaprovação, da rejeição e da condenação faz os adultos fingirem, incluindo os cristãos, e até os líderes espirituais - nem sempre vivendo exteriormente o que somos interiormente, mas sempre sentido a necessidade de parecer um pouco melhor do que a pura honestidade revelaria. Uns fingem ser os super homens que não são, outros fingem ser os mais miseráveis dos pecadores, num profundo sentimento de autocomiseração.
Nossa geração precisa de homens e mulheres reais. Uma geração que busca coisas reais, embora não saiba exatamente distingui-las. Por ter aturado tanto "ego-ismo" e desapontamento por parte daqueles que, supostamente, deveriam confiar e seguir, antes de se dispor a crer, as pessoas querem ver uma fé genuína que funcione para aqueles que são menos perfeitos.
Querem saber mais sobre o Deus verdadeiro que ama o pecador, e que é galardoador dos que o buscam. Elas desesperadamente querem permissão para ser quem são, na esperança de tornar-se mais. Não estão dispostas a fingir, muitos precisam entender que todo mundo é hipócrita até certo ponto, porque chega um momento em que não dá mais para fingir.
Estamos vivendo dias de fast foods, evangelhos sem essencia, comidas rápidas, louvores extravagantes, qual a necessidade do desespero e extravagancia para adorar a Deus, Ele não é mais imanente (Deus de perto), por isso a necessidade de chamar a atenção, de gritar enfurecidamente, de bradar sem lucidez, não deveríamos oferecer um culto racional, porque estamos então tão ocupados com cultos irracionais?
Se Davi era um adorador extravagante e desesperado por Deus, por que ele não demonstrou isso em sua poesia? Ou mesmo em sua vida?
Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus. O teu Espírito é bom; guie-me por terra plana. Sl 143.10
Na pregação dos extravagantes e desesperados, o rei Davi parece ser o ícone superstar desse movimento alienado e esquizofrênico do cristianismo contemporâneo. Mas por que motivo lemos a poesia de Davi ou mesmo sua história e não conseguimos ver um homem descentralizado, sem esperança e sem rumo, aflito e atormentado? Mesmo um “adorador extravagante e desesperado” de nossos dias sabe que esses não são adjetivos inerentes ao cristão, mas ao perdido. Algo extravagante, foge aos padrões normais, foge a centralidade das idéias, foge ao natural, foge até a Palavra de Deus, porque trata-se do irracional, você entra em êxtase para se oferecer como oferta, mas como ser uma oferta sem raciocinio de adorador.
Em meio a toda essa confusão de altares, no mínimo é perigoso oferecermos uma oferta confusa, cheia de estardalhaços, a um Deus que de fato não conhecemos, com o qual não temos nenhum arelação de intimidade, negligenciando sua verdade e sua santidade quando fingimos ser os super crentes naquele instante da adoração. Adoração começa com reconhecimento de quem Deus é, de quem nós somos, e autenticidade, pureza e humildade, e não com réplicas nem mantras, nem frases de efeitos psicologizantes, nem com superpoderes gospel, porque o verdadeiro adorador reconhece que toda suficiencia e poder vem dele, e a alegria que emana de Cristo não se define em confusão numa guerra de altares.
Precisamos ser autenticos, independentes do estilo que temos, da roupa que usamos, da igreja que pertencemos, do nosso credo de fé apostólico, precisamos reter firmes nossa confissão de fé, Deus é espírito e importa que seus adoradores, o adorem em Espírito e em verdade, não somos réplicas, nem cópias, nem clones, somos individuais, estando em pé, sentados, deitados ou prostrados, eufóricos ou compenetrados, nossa atitude deve ser racional, excelente, inteligente, construtiva, frutifera, não existe um modelo, uma receita pronta de adoração, devemos abandonar as roupas infantis que usamos na infancia, as capas de super heróis, por que elas nãos nos cabem mais, precisamos ser pecadores remidos que reconhecem a santidade de Deus e anseiam por adorá-lo com inteireza de coração, sem querer impressionar ninguém, por que Aquele que é o objeto da adoração não se surpreende com nada que lhe apresentemos, por mais mirabolante que seja, Ele não recebe fogo estranho, que não consome nossos pecados em meio a adoração, porque este deve ser o cheiro do insenso que deve subir do altar que erguemos quando nos colocamos em sua presença na posição de oferta de adoração.
Quando o apóstolo Paulo, expressou sua adoração a Deus, ele provavelmente estava em estado de contemplação, e com riqueza de detalhes e com raciocínio lógico, ele deixou nítida a sua intimidade e seu conhecimento de quem Deus era na sua vida, por isso afirmou lucidamente, "Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão enscrutáveis, os seus caminhos! Quem pois conheceu a mete do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que venha a ser restituido? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A Ele pois a glória eternamente" (Rm 11:33-36).
E assim como Paulo, Davi, Asafe, Abel, Abraão, e tantos outros adoradores cautelosamente devemos fugir da síndrome de Peterpan na alienação da adoração, e devemos buscar ofertar a Deus nosso melhor, nossa voz com afinação e beleza, nossos instrumentos em harmonia, nossas danças com pureza e riqueza de detalhes, nossos louvores, que são nossas palavras de adoração com integridade, é pessoal, é sua ministração para o coração de Deus, a oferta é você, é sua declaração de amor para ele, é seu momento de intimidade com ele, portante dobre-se (não necessariamente fisicamente e visivelmente) diante dele com inteireza, lance fora sua máscara de super santo, apresente-se como pecador arrependido, com confissão de pecados, com um coração contrito que Ele não te rejeitará. Deus nos ama exatamente como somos e nos aceita com todas as nossas falhas, visiveis ou não, jamais conseguiremos impressioná-lo, portanto não perca tempo com isso, mas também não esqueça de que adoração vai além de canções e momentos de euforia, é sua vida de gratidão em adoração, autenticidade e integridade, sem arroubos de crise de personalidade, sem infantilidade e ingratidão, principalmente quando ninguém está lhe vendo!
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