Todos nós em algum momento de nossas vidas pensamos em nos sentarmos num divã, por algumas horas e horas, falarmos sem interrupções, as frases que se lançam e reprisam em nossa consciencia e subconsciencia, quando estamos em situações dificeis, sozinhas, conturbadas, perturbadoras, anciosas, tensas, depressivas, ou até extremamente felizes e realizadas, contudo sem ter muito com quem partilhar esse turbilhão de sensações que se confundem com sentimentos, emoções, decisões eu diria!, acerca de si mesmo, de alguém ou de uma situação inacabada do nosso passado conhecido ou não pelos outros, mas algo latente e gritante em nosso mundo interior que se contrapõe com o exterior de tal maneira que perdemos um pouco de nós mesmos e para disfarçar no mundo da competitividade, concorrencia desleal, aparencia, fultilidade, vazio existencial, contextos sobre pretextos, mecanismos de auto defesa, vestimos roupas e máscaras que mais escondem quem somos do que revelam o que de fato possuímos em nós.
Nesse jogo da vida, de encontros e desencontros, surpresas agradáveis e desagradáveis, encantos e desencatos, amores e dissabores, tensões e realizações, medo e coragem, força e fraqueza, utilidade e inutilidade, superação e perda, vemos que ao nos depararmos com nós mesmo, após cada batalha perdida ou vencida, deixamos um pouco de nós mesmos e vamos nos desintegrando essencialmente naquilo que deveríamos ter preservado, nossa intimidade, nosso casulo, nossa fase de transição, nosso projeto de arquitetura e designer "ainda em construção", nossa Paris e nossa Irã, Etiópia, e todos os lugares que residem em nós mesmos, nessa caminhada ora enfadonha, desconfortável, perigosa e aterrorizante, ora estonteante, calma, serena, pacífica, apaixonante, bela e encorajadora.
Hoje me descobri amando tudo o que encontrei em mim, ainda pouco precisei de uma terapia, chorei, gritei, lamentei, descri, e silenciei. Parei para ouvir o silencio dessa noite, que a princípio parecia trazer tempestade, contudo trouxe paz, uma paz jamais sentida até então, para alguns seria um encontro de almas, e talvez seja, o meu encontro comigo mesma, com o meu eu perdido e agora encontrado, estava com saudades de sonhar, idealizar, projetar, rir das bobagens, das minhas burradas, do meu destempero, da minha ansiedade, das minhas lamentações e não murmurações, ouví minha alma sorrí, tudo isso eu sentí ao me sentar no divã de Deus, nEle encontrei meu tudo e meu nada, meu amor e meu horror, entrei na minha caverna de terror, "o meu mito da caverna", lá encontrei realmente o fogo para me esquentar e iluminar, a umidade da estrutura rochosa que me cercava, mas também encontrei a proteção, a solidão, o choro contido e desenfreado de uma criança, que buscava um colo, um afago, um conselho, um gesto de cuidado e estima, lembrei da casa dos meus pais, da minha caverna amada e confortante, e ouví a voz do Senhor me falar, procurei onde ele estava, meus olhos, minhas lágrimas não conseguia vê-lo, mas eu ouvia ele me falando suavemente, "Vem minha filha amada, vem para os meus braços, vem descansar, aqui nessa caverna que formei em você, o recondito do meu tabernáculo, você habita firme e segura, absolutamente inatingível porque Eu sou contigo aqui, não temas eu te ajudo, a minha destra te trouxe até aqui, levante-se porque eu sou o teu sustento, o teu alimento, o teu bálsamo, o amado da tua alma, o teu terapeuta, eu te formei, eu te criei, eu te ví ainda no ventre materno, em substancia informe, eu conheço todos os teus dias, antes que eles cheguem até você, eles passam pelo meu crivo, nada, absolutamente nada, escapa da minha visão, eu vejo além, a escuridão para mim é luz, Eu Sou o Senhor Teu Deus e Fora de Mim Não Há Outro, Agindo eu Quem Impedirá?", aí me levantei do meu divã maravvilhoso, me ajoelhei, me prostrei para agradecê-lo por me amar e falar comigo, e me revelar que na minha caverna de oração tem um jardim, com flores que brotam, e pela fresta da luz que entrava e eu nunca havia visto, também corria uma água pura, cristalina, que lava e rega aquela tão preciosa espécie que foi plantada e regada pelo jardineiro excelente que tem especialização em transformar desertos em manaciais, e cavernas em jardins secretos de oração. Aí lembrei que "o meu Deus segundo as suas riquezas SUPRIRÀ todas as minhas necessidades em glórias, pois fiel é o que me prometeu". (Filipenses 4:8). TE AMO NÃO PELO O QUE FAZES MAS PELO QUE TU ÉS, TU ÉS O AMADO DA MINHA ALMA! Então me pus em pé e o abracei como uma filha que ama e conhece o Pai de amor que tem. Obrigada Pai!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Você não precisa concordar comigo... mas respeitar meu posicionamento...